>>> 30/12/2023 <<<
Rio Negrinho – 70 Anos!
Um município jovem com muitas oportunidades…
Por: Marinho Cristofolini – Pesquisador, Professor, Jornalista e Membro da Academia de Letras do Brasil / SC/ RN
Registro da Neve em 2013 na localidade de Cerro Azul – Interior de Rio Negrinho/SC
ANALISANDO A HISTÓRIA
O município de Rio Negrinho foi criado pela Lei Estadual nº 133, de 30 de Dezembro de 1953, juntamente com os municípios de Herval do Oeste, Sombrio, Presidente Getúlio, Seara, Papanduva, Xanxerê, Xaxim, Dionísio Cerqueira, Mondaí, São Miguel do Oeste, São Carlos, Palmitos e Itapiranga, sendo assim, todos estão completando 70 anos em 2023, pois só puderam ter vida própria, a partir de sua efetiva criação, para gerir com total independência, tudo o que compete ao Poder Executivo e Legislativo Municipal.
RIO NEGRINHO – SETE DÉCADAS DE MENTIRA x 70 ANOS DE VERDADE
Até hoje, praticamente tudo o que se conta sobre a história do município de Rio Negrinho, mostra que a cidade há muito tempo já passou de seu centenário. E pensando assim, quando se divulga Rio Negrinho e seu povo, aos quatro cantos do país, passa-se uma grande inverdade, que provoca um efeito contrário, pois se compararmos a nossa cidade com outros municípios, principalmente o nosso vizinho São Bento do Sul, os resultados esperados em várias áreas, seja econômica, social, educacional etc, são altamente desfavoráveis para Rio Negrinho.
SÃO BENTO DO SUL – UM MUNICÍPIO RELÂMPAGO
São Bento do Sul começou a ser povoado em 1873, e apenas dez anos depois, já conquistou sua emancipação política, desmembrando-se de Joinville e tornando-se município, pela Lei Provincial nº 1030, de 21/05/1883, cuja área territorial também englobava Rio Negrinho e Campo Alegre, que apenas 13 anos após, também se emancipou, desmembrando-se de São Bento do Sul, pela Lei Estadual nº 244, de 17/10/1896.
RIO NEGRINHO – 70 ANOS DESENVOLVENDO SÃO BENTO DO SUL
Entre a emancipação política dos municípios de São Bento do Sul (1883) e de Rio Negrinho (1953), se passaram 70 anos e sete meses, tempo no qual o município de São Bento do Sul se desenvolveu, principalmente às custas do então Distrito de Rio Negrinho, onde seu povo trabalhador produziu riquezas e divisas, enriquecendo os cofres públicos do município vizinho e contribuindo para impulsionar o seu desenvolvimento.
BOM SENSO
Usando-se o bom senso na interpretação dos fatos, percebe-se que Rio Negrinho foi prejudicado por sete décadas, já que toda a riqueza gerada com os tributos nesse período, foi para o (hoje) vizinho município, que obteve assim muitos recursos para investir em seu desenvolvimento, pois enquanto Campo Alegre precisou de apenas 13 anos para se transformar em município, Rio Negrinho penou por 70 anos, sempre em constante batalha por sua independência.
GRANDES EMPRESAS
Neste período, o Distrito de Rio Negrinho teve os tempos áureos da fábrica Móveis Cimo, (1912 / 1982), que chegou a empregar cerca de 3.000 funcionários, sendo a maior indústria de móveis da América Latina. Além disso, também foram de grande expressão a indústria Olsen em Volta Grande (fundada em 1937 e atual CVG) e a fábrica de móveis Afonso Klaumann, que operava no centro da cidade, onde está localizado o centro comercial Mak Center. E ainda tinha outras empresas, inclusive de ramos de atividades diversificados, que juntas, tinham uma arrecadação tributária, superior a todas as demais empresas somadas, que existiam na sede de São Bento do Sul.
30/12/1953 – FINALMENTE O DISTRITO PASSA A SER MUNICÍPIO
Diante de tantos esforços e evidências, não houve outra solução, a não ser atender aos anseios da comunidade e finalmente transformar o Distrito em Município, fato que se concretizou somente em 30 de dezembro de 1953, pela Lei Estadual nº 133, assinada pelo então Governador de Santa Catarina, Irineu Bornhausen. As pessoas que participaram diretamente do movimento emancipacionista foram: Arnaldo de Oliveira, Eugênio Ferreira de Lima, Vagemiro Jablonsky, Marinho Vieira, José Carlos Pscheidt, Henrique Liebl, Helmuth Ilg, Heinz Hauffe, Álvaro Spitzner, Carlos Lampe, José Zipperer Sobrinho, Milton Jorge Zipperer, José Bail, Engelberto Pscheidt, Herberto Tureck, Luiz Engel, Afonso Klaumann, Eugênio Dettmer, Max Jantsch, Roberto Thieme, Kurt Behr, Theodoro Hackbart, Romeu Olavo de Souza Tabalipa, Antonio Scaburi, José Nabor Carvalho, Alberto Tomelin, Péricles Porto Virmond, Ermílio Castilho, Dr. Frederico Guilherme Evers, Euclides Ribeiro, Militão König e José Flores de Souza. Estas pessoas, portanto, foram os desbravadores e os pioneiros da emancipação política de Rio Negrinho.
24 DE ABRIL – DIA INVENTADO DE ANIVERSÁRIO
A data marcada para a comemoração da fundação de Rio Negrinho, foi criada pela Lei Municipal nº 7, de 15 de junho de 1971, na gestão do prefeito Álvaro Spitzner, quando a Câmara de Vereadores escolheu o dia 24 de abril, data que lembra o dia e o mês do aniversário de Jorge Zipperer, um dos pioneiros da Móveis Cimo e grande incentivador da emancipação do município, porém o ano de seu nascimento foi 1879.
ANO 1880 – ANO ENGENDRADO DA FUNDAÇÃO
E no intuito de inventar mais uma data para homenagear, achou-se por bem usar o ano 1880, que foi escolhido para compor a data de fundação de Rio Negrinho, sendo uma alusão à Estrada Imperial Dona Francisca, cuja construção foi iniciada em 1858 e passou por Rio Negrinho em 1880, com sua conclusão em 1892, ligando Joinville a Mafra-SC/Rio Negro-PR. Sendo assim, o ano de fundação de Rio Negrinho não condiz com um registro exato, de nenhuma realidade, mesmo porque tudo aqui, ainda era uma extensão do município de São Bento do Sul.
O MUNICÍPIO E SUA GESTÃO POLITICO ADMINISTRATIVA
A independência administrativa do município de Rio Negrinho, começou a partir de sua “Emancipação Política”, portanto somente há 70 anos, período pelo qual seus representantes políticos, cada um à sua maneira ou ao seu entendimento, tentou fazer o melhor para corresponder às expectativas dos munícipes, mas possivelmente por ter ficado refém de São Bento do Sul por muitos anos, o recomeço foi difícil e até hoje ainda existem consequências negativas.
CURIOSIDADE – RIO NEGRINHO COMEMOROU UM SÉCULO – COM APENAS 26 ANOS
Certamente foi um feito inédito em todo o planeta, e nos dias atuais, pode até parecer brincadeira ou pegadinha, mas infelizmente foi verdade. Este ato de comemoração dos “100 Anos” de Rio Negrinho, possivelmente sem precedente na história da humanidade, aconteceu em Abril de 1980, quando o município de Rio Negrinho tinha apenas 26 anos de emancipação, sendo que na oportunidade, houve uma grande festa do seu “centenário”, onde até a Miss Brasil esteve aqui, e tudo isso, para não ficar atrás do vizinho, que também havia comemorado seu centenário sete anos antes, em 1973.
RESGATANDO A VERDADE
É importante frisar que todos os dados aqui relatados, são fundamentados pelas respectivas leis, e neste aspecto, é de suma importância que se analise os fatos e suas consequências, antes de se emitir qualquer opinião que desabone de alguma maneira a nossa cidade, pois com apenas 70 anos, há muito para ser feito em prol do seu desenvolvimento socioeconômico e todas as suas nuances administrativas, exigidas para uma gestão de políticas públicas com eficiência e qualidade.
ESPERANÇA DE UM MUNICÍPIO FELIZ
Nestes 70 anos de Rio Negrinho de verdade, alguns gestores tiveram avanços significativos, porém outros governantes, apesar de seus esforços, infelizmente não conseguiram dar sequência com resultados expressivos, e os munícipes sempre esperam por novos caminhos, novas oportunidades, novas ideias, novas sugestões, e principalmente por um diálogo de construção, pois a cada pleito político, são dezenas de candidatos que apresentam suas propostas e seus planos de trabalho, todos voltados ao bem estar e ao desenvolvimento de nosso povo, entretanto, após o período eleitoral, quase tudo se inverte, e muitos dos que não se elegem, partem para o confronto com os vencedores, dificultando e travando ações de trabalho em prol dos munícipes, esquecendo de tudo o que desejaram de bom para o povo, deixando de lado toda a responsabilidade de cuidar da coisa pública, que tanto se comprometeram a fazê-la.
Com isso, aumentam as atribuições, os encargos, os deveres, as incumbências e o compromisso dos que precisam trabalhar pelo desenvolvimento do município, pois além dos problemas naturais existentes, ainda têm de enfrentar as adversidades forjadas propositalmente, para dificultar a execução de suas responsabilidades. Já está mais do que na hora de repensarmos todas estas questões, ou a mentira da idade vai ser esquecida e superada, diante da estupidez e da insensatez humana, em detrimento do desenvolvimento moral, social, econômico, educacional etc, impedindo cada vez mais o progresso e o bem estar do povo rio-negrinhense.
PARABÉNS MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO!
PELOS SEUS 70 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA…
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