Pesquisador, Editor e Produtor:

MARINHO PAULO CRISTOFOLINI – Jornalista e Escritor


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Formação da quinta comunidade

RIO DO SALTO – A ÚLTIMA COMUNIDADE FORMADA É A MAIS ANTIGA LOCALIDADE DE RIO NEGRINHO

          Mesmo sendo a última comunidade a ser constituída, existem pouquíssimos registros de sua história, apesar de ter sido um dos locais de grande importância para o surgimento de Rio Negrinho. A localidade de Rio do Salto faz divisa com o vizinho município de São Bento do Sul, e como antigamente tudo era um só município, por lá passavam as tropas de gado, que eram levadas para Jaraguá do Sul.

          Sabe-se que, no final do século 19, houve até a criação de uma escola no local, onde a comunidade se uniu e construiu uma casa, no estilo enxaimel, comum naquele tempo, pois aqui ainda pertencia a São Bento do Sul, que até os dias de hoje, cultiva esse estilo europeu em suas linhas de construção civil.

          O Enxaimel é um tipo de construção onde o espaço é preenchido com material entrelaçado, numa uma parede feita de caibros. É uma técnica de construção que consiste em paredes montadas com hastes de madeira encaixadas entre si, em posições horizontais, verticais ou inclinadas, cujos espaços são preenchidos geralmente por pedras ou tijolos. Os tirantes de madeira dão estilo e beleza às construções do gênero, produzindo um caráter estético privilegiado.

          Além disso, o estilo oferece robustez e grande inclinação para os telhados, a fim de transpor as condições climáticas, por ser comum as nevascas da região da Europa, de onde vieram grande parte dos colonizadores de São Bento do Sul.

A ESCOLA

          Entretanto, a respeito da escola, o que se tem de relatos é que a mesma teria sido destruída por um colono, mal humorado e embirrento, que inclusive, apossou-se de toda a propriedade comunitária, e nada foi feito para que se salvasse aquele importante patrimônio social e histórico. Além disso, todos os documentos existentes desapareceram.

OS ACESSOS

          Para se chegar a Rio do Salto, na época, existia um caminho por São Bento do Sul, via Rio dos Banhados, além de outros acessos iniciais, dos caminhos gerais ao Patrimônio Municipal de Rio dos Bugres, Estrada dos Gabardos, Serra do Patacão, Posto Castilho, Corredeiras e arredores.

          Foi somente após a abertura da Estrada Imperial Dona Francisca, inaugurada em 1880, e da passagem da Estrada de Ferro, em 1913, que as localidades mais distantes do interior, começaram a ser interligadas à comunidade sede, ou seja, o atual centro de Rio Negrinho.

MÓVEIS CIMO NO RIO DO SALTO

          Por muito pouco, toda a história industrial e comercial de Rio Negrinho, poderia ter acontecido exatamente na localidade do Rio do Salto. E realmente chegou a começar, pois a história registra que saudosa MÓVEIS CIMO, em 1912, iniciou suas atividades no Rio do Salto, com a razão social de Willy Jung & Cia.

            Na época, Jorge Zipperer e Willy Jung, investiram na localidade de Rio do Salto, comprando um terreno de 111 alqueires, pertencente a Serapião Ferreira de Lima, que era filho de Antônio Ferreira de Lima, morto pelos índios em 1883. E, neste terreno construíram uma moderníssima serraria, tendo anexa uma fábrica de caixas de madeira para embalagens.

          Todo empreendimento era movido à vapor e possuíam também um gerador, com o qual iluminavam toda vila de operários, ruas, loja que atendia aos empregados e todos os galpões por onde se processava a produção fabril. Era realmente algo incomum para aqueles tempos.

RODOVIA – RIO DO SALTO – LAGEADO

            Os sócios, Jorge Zipperer e Willy Jung, também iniciaram um outro empreendimento no Lageado, Paraná, que era uma serraria, também movida à vapor, chamado de Engenho Novo. Entretanto, para haver um desenvolvimento bom e contínuo de seus negócios, havia necessidade de interligar a Serraria e Fábrica de Caixas de Rio do Salto ao Lageado, para que os dois empreendimentos ficassem mais próximos do ponto do encruzo, entre a ferrovia e a rodovia, e também próximo da Estação Ferroviária de Rio Negrinho, que já existia naquele tempo.

A CONSTRUÇÃO DA RODOVIA

          Foi então construída uma rodovia de Rio do Salto até Lageado no Paraná. Esta estrada passou a chamar-se de Estrada Irani, uma vez que a região entre a margem direita do Rio Negrinho e a margem esquerda do Rio Negro chamava-se Irani. Um trecho dessa rodovia é hoje, a Rua Pedro Simões de Oliveira e a outra, da BR-280 até a ponte sobre o Rio Serrinha, é a Rua Rua Alfredo Greipel, e da ponte sobre o Rio Serrinha até a ponte sobre o Rio Negro, é a Rua Amandus Olsen.

A MUDANÇA DA MÓVEIS CIMO PARA O CENTRO

        Inicialmente, a decisão da instalação da Móveis Cimo no Rio do Salto, aconteceu porque o traçado da ferrovia estava previsto para passar pelo local, o que facilitaria toda a logística. Entretanto, não foi o que aconteceu, pois por questões de ordem hidrográfica, segundo consta, o traçado da ferrovia foi desviado para acompanhar o rio Negrinho, razão pela qual passa pelo centro da cidade. Todavia, a empresa acabou iniciando seu funcionamento assim mesmo no Rio do Salto, porque havia no local madeira em abundância, que a olho nu, seria um grande fator para diminuir custos de transporte, com a principal matéria prima a ser utilizada.

SURGE UM PROBLEMA COM A MADEIRA

          Porém, aos poucos foi se percebendo que a madeira local, não oferecia a qualidade esperada para a produção da empresa, pois pinheiros, pinus araucarius, imbuias e cedros, dependendo do lugar, não apresentam as mesmas qualidades, especialmente a imbuia. Foi o que se deu com a madeira extraída em Rio do Salto. A esta altura, a empresa já estava sendo obrigada a procurar madeira de melhor qualidade, em outros lugares, fazendo com que fosse necessário buscar novas alternativas de fornecedores, o que certamente oneraria em muito, os custos de produção.

A SOLUÇÃO

          Não houve outra alternativa, senão providenciar a transferência para o centro da cidade, pois ali fica a estação ferroviária, que na época, era o grande centro de movimentação de cargas, de todo tipo de mercadorias.

PONTE NOVA EM RIO DO SALTO

          No final do ano de 2017, a localidade de Rio do Salto recebeu uma nova ponte,  na divisa com São Bento do Sul. A obra foi denominada de “Ponte Alfredo Wischral”, em homenagem àquele ilustre cidadão, que deixou sua marca na localidade.

QUEM FOI ALFREDO WISCHRAL?

          Nascido em 04 de Janeiro de 1914, Alfredo Wischral, viveu toda sua vida na comunidade de Patrimônio do Salto, interior de Rio Negrinho. Foi casado com Luiza Castilho Wischral com quem teve 10 filhos, dos quais quatro mulheres e seis homens. Ainda teve 39 netos, 86 bisnetos e 26 tataranetos. 

          Foi considerado em vida um dos melhores construtores de pontes da região, mas na carpintaria, ainda ficou conhecido por obras em galerias fluviais, casas, e até mesmo na primeira escola da comunidade, o que comprova seu dinamismo e sua facilidade para com quaisquer tipos de obras. Trabalhou por mais de 20 anos com esta ocupação. 

          Em 1984, já com 70 anos de idade, o construtor declarou a um jornal de circulação da época, que por necessidade de escoar sua produção agrícola, começou a fazer pontes de madeira em sua propriedade. Posteriormente ao verificar sua grande capacidade, a Prefeitura de São Bento do Sul o contratou para a execução de pontes. E por sua experiência nesta atividade, também chegou a prestar serviços nos municípios vizinhos.

          Além disso, exerceu a atividade de agricultor e atuou como um dos líderes da comunidade. Deixou um legado que é recordado até hoje e admirado por muitos. Faleceu aos 72 anos de idade em 11 de Fevereiro de 1986. (Histórico extraído do site da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho)

RIO DO SALTO ATUAL

          A localidade de Rio do Salto é hoje um pacato lugarejo, com poucos habitantes e distante do centro da cidade, mas que possui muitas belezas naturais e exuberantes quedas d’agua, representando verdadeiros encantos da natureza, que valem a pena ser visitados.

E S C L A R E C I M E N T O

          O  material divulgado aqui no site: www.INDICADORLOJISTA.com.br, sobre as histórias da formação das cinco comunidades de Rio Negrinho, foi baseado em pesquisas, em grande parte, no livro “História de Rio Negrinho/2012”, do Prof. Dr. José Kormann. Também pesquisamos mais dados históricos, em conversas com pessoas, que vivenciaram as histórias de cada comunidade. Além de buscamos diversas informações em diferentes sites e até nas Leis Municipais e estaduais.

A G R A D E C I M E N T O

          Em especial, fica aqui nosso “Muito Obrigado” ao Profº Dr. José Kormann, por suas pesquisas e pela cessão das histórias, que juntas contaram o nascimento de Rio Negrinho. Um abraço a todos! – Marinho Cristofolini – Jornalista, Professor e Pesquisador.