Pesquisador, Editor e Produtor:

MARINHO PAULO CRISTOFOLINI – Jornalista e Escritor


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Formação da Quarta Comunidade

 “SERRO AZUL” – UM DOS MAIORES PONTOS TURÍSTICOS DE RIO NEGRINHO

SUA  HISTÓRIA  E  SUA ORIGEM…

          Pesquisando documentos e relatos, vemos que tudo se originou a partir da vinda do imigrante Josef Rückl e sua esposa Anna Maria, à bordo do navio Humboldt, por volta de 1877, que partiram de Hammern, na Boêmia, uma região histórica da Europa Central e que foi parte do Sacro Império Romano-Germânico, do Império Austríaco e do Império Austro-húngaro.

A CHEGADA NO BRASIL

          Chegando em São Bento do Sul, Josef adquiriu um lote colonial na Estrada das Neves, porém ele logo faleceu, mas deixou um filho, chamado Wenzel e uma filha chamada Resl, que também vieram com seus pais da Boêmia. Em 1884, Wenzel Rückl e sua esposa Thereza, se mudaram para a Estrada dos Bugres, onde tinham adquirido terras e constituíram sua família, formada pelos filhos Jorge, Eduardo, Pedro, Wenceslau, Ana Catarina e José.

         Foram os filhos Jorge e Eduardo, que ainda na adolescência, começaram a desbravar as matas virgens, que existiam naquela região. Em pouco tempo, os irmãos sempre em conjunto, adquiriram terras na localidade de Corredeiras, próximo a Volta Grande, que naquela época ainda tudo pertencia a São Bento do Sul. Em 1924, os dois transferiram residência para essa localidade e mais tarde montaram uma serraria e um malhador de erva mate e no local tocaram esses empreendimentos.

FAMÍLIA RÜCKL

         A constituição da família Rückl ou Rueckl (pela grafia errada de cartório) foi acontecendo. Segundo relatos, Eduardo não teve filhos, mas Jorge casou-se com Martha e geraram os filhos: Paulo, Rodolfo, Francisco, Martha, Francisca, Paula, Hedviges e Bruno. Os dois primeiros filhos, se mantiveram sempre juntos e trabalhando na serraria de seus pais, onde aprenderam a manejar máquinas, ainda que rudimentares, pois era o que se tinha para a serraria daquela época.

          Mais adiante, já em 1936, Paulo e Rodolfo sempre ligados pelo sonho de empreender coisas novas, decidiram comprar novas terras, ainda não desbravadas. Foram até o sul do município de Rio Negrinho, e negociaram terrenos com José Domingos de Castilho, que era proprietário de terras ainda não exploradas. Essas terras eram bem distantes e de difícil acesso. A única maneira de se chegar a elas era à cavalo e em certos trechos, somente à pé.

          Quando chegaram ao local, os irmãos imediatamente construíram um rancho de pau a pique, um tipo de construção rudimentar, muito simples, que ainda hoje é feita nos mais distantes rincões do país, construídas nas estradas, nas proximidades das cidades de interior, e em sítios ou chácaras. Suas paredes são levantadas com barro e varas retiradas de árvores. Os telhados são feitos de palha ou com as próprias varas e o barro.

          A localidade onde os irmãos Rückl estavam iniciando uma história, ficava às margens do Rio das Pombas, chamado assim pelos primeiros proprietários dessas terras, devido ao grande número de pombas que lá viviam e ocupavam o local, principalmente na época de frutas.

          Entretanto, o que chamou a atenção dos dois irmãos, foi a quantidade e a diversidade de caça existente naquela região. Conta-se que da porta do rancho, viam-se animais passando a cinco metros de distância, o que facilitava a caça, principalmente de veados, já que a caça de subsistência era uma grande fonte de alimento, naquela época. Também era comum ver rastros de outros animais, como onças, pumas, antas e outros, que por segurança, muitas vezes também abatidos ou pegos em armadilhas.

A MUDANÇA DA SERRARIA PARA SERRO AZUL

         Mais tarde, Paulo e Rodolfo herdaram a serraria que anteriormente era de seus pais, e logo trataram de transferir tudo para Serro Azul, no terreno que já haviam comprado, pois na região havia grande variedade de madeira e em enorme quantidade a ser explorada. Nessa época já havia uma estrada que substituía o primeiro picadão. Era ainda precária e foi construída pela prefeitura de São Bento do Sul, já que aqui tudo ainda era pertencente ao município vizinho, até 30 de dezembro de 1953, quando ocorreu a emancipação de Rio Negrinho.

         O transporte da serraria de Corredeiras para Serro Azul, foi muito trabalhoso e complicado, pois tudo teve de ser levado com os antigos carroções, que era o que se tinha na época. Para transportar as peças pesadas eram necessários até oito cavalos por carroções.

COMEÇA A SERRARIA JORGE RÜCKL & FILHOS NO SERRO AZUL

          Os registros marcam que foi no dia 23 de março de 1939, que a serraria foi reinaugurada na localidade de Serro Azul. Nas matas, as madeiras eram cortadas com as grandes serras manuais, que eram chamadas de serras americanas, que por muito tempo foram usadas na extração da madeira e, somente bem mais tarde, foram substituídas pelas motosserras. Após a derrubada, as árvores eram cortadas e as toras eram levadas até a serraria através de carroções, que eram os únicos meios de transportes da época.

         Na serraria, após os trabalhos para transformar as toras em madeira beneficiada e industrializável, a produção era novamente transportada até a estação ferroviária de Rio Negrinho, fato que demorava em torno de 18 horas, mas atualmente esse trajeto é feito em menos de uma hora.

1945 – A CHEGADA DO PRIMEIRO CAMINHÃO

          A aquisição do primeiro caminhão aconteceu em 1945. Era um Ford, que veio para substituir o uso dos carroções, no transporte de madeiras serradas. Com isso, a empresa teve mais rapidez nas entregas e conseguiu abrir mais portas de mercado até Joinville. Segundo informações, esse caminhão teria sido transformado para ser usado à gasogênio, um equipamento que produz gás combustível, para alimentar motores de combustão interna. Sua função é converter matérias-primas sólidas e líquidas em gás. E aconteceu que o caminhão foi totalmente destruído por um incêndio, no galpão onde era guardado.

SURGE A PRIMEIRA IGREJA DA COMUNIDADE

          Nos primeiros tempos, também surgiu a necessidade de se ter uma igreja na comunidade. E assim todos se reuniram e ajudaram a construir a sua igreja de devoção a São Jorge.

FORMA-SE A VILA DE SERRO AZUL

         Em 1970, a antiga localidade de Rio da Pombas já tinha aspecto de um povoado de porte regular, pois já existia ali comércios e igreja. E passou a ser chamado de Serro Azul, porém, a razão da mudança de nome, nunca se soube ao certo. Entretanto, esse nome Serro Azul, além de ser mais bonito, soa com um ar de natureza aberta, significando muito do contexto local.

O SURGIMENTO DA ESCOLA

          No ano de 1971, a comunidade já necessitava de uma escola, pois era grande o números de crianças que precisavam iniciar seus estudos. O prefeito da época era Álvaro Spitzner, que vendo essa necessidade, mandou construir uma escola, sendo que em 24 de setembro de 1971, através da Lei nº 22, foi criada a Escola Reunida Municipal da comunidade de Serro Azul.

          Vinte anos mais tarde, em 09 de outubro de 1991, essa mesma escola foi denominada de Escola Padre Dr. Tomas Gasser, pela Lei nº 460, assinada pelo prefeito da época, Guido Rückl, filho de Paulo Rückl. O nome da escola é uma homenagem a este Padre, por ter sido ele quem, por cerca de 15 anos, percorria o interior, nos anos 1950 e 1960, evangelizando e rezando nas comunidades. Antes de ser padre, ele chegou a ser piloto de avião na segunda guerra mundial, mas fugiu e veio Brasil, mudou de nome e formou-se religioso, deixando sua marca em Rio Negrinho.

A FÁBRICA DE MÓVEIS

         A década de 1970, foi a época de ouro para a economia moveleira de Rio Negrinho, onde dezenas de empresas do ramo nasceram nesse período. E na localidade de Serro Azul, acontecia também o surgimento da fábrica de móveis dos irmãos Paulo e Rodolfo, que em 1971, constituíram a Fábrica de Móveis Rueckl Ltda.

          Foi a partir desse empreendimento, que a localidade ganhou força e progrediu, transformando um sertão de outrora e dando mais vida a um dos pontos mais distantes, da sede do município de Rio Negrinho. Registre-se ainda, que essa empresa, através da família Rückl, sempre foi muito prestativa, colaborando e apoiando muitas causas sociais no município, por exemplo, com a doação de todo o madeirame usado nas construções dos prédios do Colégio São José e do antigo hospital da Fundação Hospitalar Rio Negrinho no centro da cidade.

          A Móveis Rueckl funcionou até o início de 2011, gerando centenas de empregos, mas sem dúvida, desde o começo dos seus empreendimentos, a família Rückl deixou uma grande marca na comunidade, onde por mais de 70 anos, contribuiu ativamente no desenvolvimento e na história de Serro Azul.

A REPRESA DE VOLTA GRANDE

          A localidade de Serro Azul é parte do Distrito de Volta Grande, e já bem antes, quando ainda nem se denominava de Serro Azul, um dos maiores empreendimentos foi lá construído, que hoje é um grande atrativo natural, representado pela Represa de Volta Grande, como é conhecida. O ano era 1959 e o responsável por essa obra foi Luiz Bernardo Olsen, o mesmo que impulsionou o desenvolvimento da vizinha localidade de Volta Grande.

          A represa foi construída para um projeto maior, ou seja, preparar uma barragem que canalizasse água, através do Rio Preto, até uma usina, para a produção de energia elétrica na localidade de Volta Grande, onde existe uma queda d’água, chamada de Salto Grande. Assim, o lago formado ficou conhecido como represa de Volta Grande, que atualmente se transformou numa grande área de beleza e lazer, atraindo turistas de todas as partes de Santa Catarina e de outros Estados.

ACAMPAMENTOS

          Atualmente existem algumas opções de acampamento na represa, pois o local é rodeado por reflorestamentos e mata nativa, com trilhas para caminhadas, passeios de bicicleta, piqueniques, confraternizações e festas familiares.

          Um dos locais que se destacam é o CAMPING LAGO AZUL, de propriedade de Linus Rückl, filho de Paulo Rückl, que fica às margens, junto às águas da represa, que tem aproximadamente 15 quilômetros de extensão e mais parece um mar de água doce. Esse local fica a cerca 40 km do centro da cidade de Rio Negrinho, com acesso pela Rodovia SC-112, sentido Volta Grande, até o acesso à represa. Vale a pena desfrutar dessa maravilha na natureza.