Pesquisador, Editor e Produtor:
MARINHO PAULO CRISTOFOLINI – Jornalista e Escritor
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FORMAÇÃO DA SEGUNDA COMUNIDADE:
NASCE A SEDE DO MUNICÍPIO – A CHAMADA “VILA” DE RIO NEGRINHO
A segunda comunidade a se definir, foi a “Vila” de Rio Negrinho, no atual centro da cidade, que se desenvolveu e deu vida a todo o município. Essa formação começou em 1880, quando se instalou em Rio Negrinho o acampamento dos construtores da Estrada Imperial Dona Francisca. Vieram a esta localidade José Brey com hospedaria, Luiz Schultz com casa de comércio e Carlos Hantschel com sapataria.
A CHEGADA DA MÓVEIS CIMO AO CENTRO DA CIDADE
Em 1918 a firma Jung & Cia., que desde 1912 já funcionava em Rio do Salto, com moderna máquina à vapor e gerador de eletricidade, comprou de José Brey, cem alqueires de terras e no atual centro de Rio Negrinho, instalou sua sede administrativa, daquilo que então já era um grande empreendimento industrial, composto de três modernas serrarias e que no futuro viria a ser a célebre Móveis Cimo. Jorge Zipperer e Willy Jung decidiram fixar ali a sede de seu grande empreendimento, por causa da Estrada Imperial Dona Francisca e por motivo da passagem da Estrada de Ferro, que desde 1913 quando foi inaugurada, já atendia o transporte ferroviário da região e sua estação ficava próxima do empreendimento.
UM PROBLEMA
Entretanto, no local havia um problema a se enfrentar. Esta terra comprada de José Brey, ficava à margem direita do rio que corta a cidade e empresta o seu nome ao município, o Rio Negrinho, e a estação ferroviária estava ao lado esquerdo. Assim, o local do empreendimento estava desprovido de ligação com a via férrea e também com a própria Estrada Imperial Dona Francisca. Porém, a diplomacia de Jorge Zipperer sempre foi de alta eficiência, e mais uma vez, funcionou a contento de todos, pois Jorge conseguiu que os vizinhos, Luiz Scholtz e José Grossl, cedessem cada qual, uns tantos metros de terras de seus potreiros, para que a indústria tivesse saída em direção à estação férrea.
RUA JORGE ZIPPERER
Temos aí o motivo porque a atual rua Jorge Zipperer é tão sinuosa, pois as partes cedidas, não são por igual ao longo da divisa, mas em partes inteiras, ora de um, ora de outro, conforme as conveniências de não estragar seus terrenos. A ponte foi construída pela própria empresa, que iniciou suas atividades no mesmo ano de 1918, com a transferência da serraria do Rio do Salto.
A CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS E PONTES
Constituiu-se depois a Estrada Irani, composta hoje pelas ruas Pedro Simões de Oliveira, Alfredo Greipel, Amandus Olsen, e já no Paraná, pela localidade de Lageado, chegando a cidade de Rio Negro. Também construíram a ponte de 60 metros sobre o rio Negro. Foram também abertas as estradas para a localidade de Patrimônio de Rio dos Bugres, até onde se chegava somente por São Bento do Sul, onde Floriano Wantowski, e mais tarde, João Treml e Otto Roesler possuíam serrarias. O Alto Rio Preto, onde antes só se podia chegar pela Estrada dos Gabardos e trilhas de tropeiros, também se abriu diretamente a Rio Negrinho, que assim se tornou um centro comercial de madeiras e erva mate.
Foi assim que Rio Negrinho nasceu comercialmente, industrialmente e socialmente. Vejamos: Em 1917, a primeira professora que começou a lecionar era a senhorita Maria de Oliveira; Em 1919, foi fundada a Sociedade Escolar Rio Negrinho; Em 1921, entrou em ação o Correio; Em 1924, deu-se o primeiro sepultamento no atual Cemitério Municipal da rua Pedro Simões de Oliveira, com o falecimento de Max Raschke; No dia 13 de Novembro de 1925 foi inaugurada a Igreja Católica e em 1928, a Igreja Luterana, no alto do morro da atual rua Adolfo Olsen.
UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA GERAL DE RIO NEGRINHO
DATA DE FUNDAÇÃO
Oficialmente a data marcada para a comemoração da fundação de Rio Negrinho, foi aprovada pela Câmara de Vereadores, que escolheu simbolicamente o dia 24 de abril de 1880, uma data aliada ao ano da inauguração da Estrada Dona Francisca em Rio Negrinho (1880), e que também lembra o dia do aniversário de Jorge Zipperer, um dos pioneiros e grande impulsionador do progresso do município, através da Fábrica de Móveis CIMO, mas este nasceu em 1879, um ano antes.
OS PIONEIROS – PRIMEIRAS FAMÍLIAS
Segundo a pesquisa feita pelo ex-prefeito de Rio Negrinho e historiador natural, Sr. Nivaldo Simões de Oliveira (in memorian), relatada em seu livro “Raízes da Comunidade”, editado em 2001, a pioneira das famílias efetivamente a residir em Rio Negrinho, foi a do sertanista e colonizador Mathias Simões de Oliveira, que juntamente com seus familiares construiu, em 15 de março de 1874, a primeira casa edificada oficialmente nas terras do Brigadeiro Franco.
1875 – NOVAS FAMÍLIAS CHEGARAM
Neste ano, novas famílias aqui se fixaram, para também se tornarem pioneiras. Foram eles: Os Ferreira de Lima, os Carvalho de Oliveira, os Graví e os Cardoso, sendo que a família Cardoso foi a primeira de nossa região, a serem donas destas terras. Porém com a construção da Estrada Dona Francisca, iniciada no final dos anos 1850, começaram a vir outras famílias para Rio Negrinho, pois em 1880, a Estrada Imperial Dona Francisca passou por Rio Negrinho e a empresa do Engenheiro Riques montou acampamento junto à obra. Neste ano, instalaram-se ao longo do traçado da estrada em Rio Negrinho, várias famílias.provenientes de Lençol e do interior da região.
OUTROS SERVIÇOS
Em função do grande movimento comercial que se verificava e da necessidade de prestação de serviços, surgiu na vila um restaurante, montado por uma pessoa conhecida por Sr. Guedes. Também foi montada uma casa de comércio de propriedade de Luiz Scholz, e uma hospedaria de propriedade de José Brey, além de uma sapataria administrada por seu proprietário Carlos Hantschel. A Estrada Dona Francisca foi definitivamente concluída em 1892, ligando Joinville a Mafra/Rio Negro e sua construção empregava como mão de obra, muitos imigrantes alemães.
A ESTRADA DE FERRO
Nos anos de 1911 a 1913, com a passagem da Estrada de Ferro São Paulo / Rio Grande – ramal Porto União a São Francisco do Sul, e da construção da Estação Ferroviária, que recebeu o nome de Rio Negrinho, foi que realmente uma “Vila” começou a se formar. A Estrada de Ferro ofereceu mais uma opção de escoamento de produção e famílias vindas do Lençol, São Bento, Salto e outras regiões aqui se fixaram, entre elas, a família de Bernardo Olsen, que tarde daria início ao povoamento do Distrito de Volta Grande.
A MÓVEIS CIMO E O CENTRO DA CIDADE
Com a inauguração da ferrovia em 1913 começa a indústria moveleira em Rio Negrinho. A partir de 1914 surge a Jung & Cia, de propriedade de Jorge Zipperer e Willy Jung, precursora da Móveis Cimo S/A, que projetou Rio Negrinho a nível internacional como a “Capital dos Móveis”. Esta indústria impulsionou o desenvolvimento de Rio Negrinho, que começou a se organizar, tornando-se distrito de São Bento do Sul em 13 de dezembro de 1925.
A VILA SE TRANSFORMA EM DISTRITO
Porém, na prática, Rio Negrinho continuou dependente administrativamente de São Bento do Sul até fevereiro de 1927 quando foi nomeado o primeiro intendente distrital, Pedro Simões de Oliveira, que na Revolução de 1930 foi demitido e substituído por José da Cruz Veiga, que passou o cargo mais tarde a Eduardo Virmond. De 1927 a 1954, Rio Negrinho teve 14 intendentes, sendo que Pedro Simões de Oliveira assumiu o cargo por três vezes e Péricles Porto Virmond por duas vezes.
Muitos rionegrinhenses queriam a emancipação política, do então distrito, e argumentavam que a sede (São Bento do Sul) dava pouquíssimos recursos ao distrito, considerando que as arrecadações provenientes da empresas Móveis Cimo e da empresa de Luiz Bernardo Olsen eram expressivos, muito maior do que a do município sede.
A REUNIÃO NA INTENDÊNCIA DISTRITAL
No dia 02 de dezembro de 1953, houve uma reunião na Intendência Distrital de Rio Negrinho, onde o vereador Eugênio Ferreira de Lima, um dos líderes do movimento, leu o parecer apresentado pelo cidadão Luiz Guinther à Câmara Municipal de Vereadores de São Bento do Sul, sobre a criação do município de Rio Negrinho. E através de um abaixo assinado, com manifestação da livre vontade do povo de Rio Negrinho, em trinta dias, o “Distrito” se transformou no “Município de Rio Negrinho”.
DESBRAVADORES DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
As pessoas que participaram ativamente nesse processo foram: Arnaldo de Oliveira, Eugênio Ferreira de Lima, Vagemiro Jablonsky, Marinho Vieira, José Carlos Pscheidt, Henrique Liebl, Helmuth Ilg, Heinz Hauffe, Álvaro Spitzner, Carlos Lampe, José Zipperer Sobrinho, Milton Jorge Zipperer, José Bail, Engelberto Pscheidt, Herberto Tureck, Luiz Engel, Afonso Klaumann, Eugênio Dettmer, Max Jantsch, Roberto Thieme, Kurt Behr, Theodoro Hackbart, Romeu Olavo de Souza Tabalipa, Antonio Scaburi, José Nabor Carvalho, Alberto Tomelin, Péricles Porto Virmond, Ermílio Castilho, Dr. Frederico Guilherme Evers, Euclides Ribeiro, Militão König e José Flores de Souza. Estas pessoas, portanto, são os desbravadores e os pioneiros da emancipação política de Rio Negrinho, que aconteceu em 30 de dezembro de 1953.
O PRIMEIRO SUPERMERCADO DE RIO NEGRINHO
Em Rio Negrinho, desde o início da colonização, até meados do século 20, só existiam as casas comerciais de secos e molhados, também conhecidas por armazéns ou simplesmente casas de venda ou bodegas. Mas em 1957, também houve essa mudança de hábitos na hora de comprar alimentos, que foi implantada pela Comercial MINER, fundada alguns anos antes, então pertencente aos Srs. Milton José Zipperer e Álvaro Spitzner (ambos in memorian), este último mais tarde foi Prefeito de Rio Negrinho, no período de 1968-1972.
Naquele tempo, como Rio Negrinho foi uma das primeiras cidades de Santa Catarina ter esse serviço, era um tanto estranha a ideia do cliente adentrar ao estabelecimento e pegar com as próprias mão as mercadorias, pois aqui ninguém conhecia esse novo modelo de atendimento, mas aos poucos a população foi se acostumando.
O SUPERMERCADO ATUAL
Até hoje, existe em Rio Negrinho, o mesmo estabelecimento que implantou essa modalidade, pois o atual MINERSOL é originário das famílias Zipperer e Spitzner, e apesar de ter sido vendido, continua ativo no mesmo local. Os atuais proprietários, que adquiram o Supermercado nos últimos anos da década de 2000, são os comerciantes Elcio de França e Alceu Pereira, ambos ex-funcionários da própria empresa, cada um com mais de três décadas de trabalhos (2018), prestados a comunidade, sempre no MINERSOL Supermercados.