Pesquisador, Editor e Produtor:

MARINHO PAULO CRISTOFOLINI – Jornalista e Escritor


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Formação da Terceira Comunidade

SURGE UMA VILA NO INTERIOR – NASCE VOLTA GRANDE

          A história registra que Volta Grande começou em Águas Claras, quando ainda era município de Mafra, pois as terras de Rio Negrinho ainda pertenciam à família Cardoso, que aos poucos foi vendendo suas propriedades. Os primeiros moradores de Águas Claras chegaram a partir de 1913, e pertenciam às famílias Stoeberl, Carvalho e Schroeder, porém, na parte rionegrinhense, no atual Distrito de Volta Grande, ainda nada havia no início do século 20. Lentamente a família Cardoso foi se desfazendo suas próprias terras, geralmente trocando-as por alimentos, roupas e outros objetos que achavam necessários ou importantes.

FAMÍLIA OLSEN

          Nesse tempo, Bernardo Olsen  pessoa dinâmica e próspera, comerciante e açougueiro em Lençol, São Bento do Sul, que foi o avô do Bernardinho, comprou toda região de Volta Grande de Arnoldo Kirk, que provavelmente havia adquirido essas terras da família Cardoso ou de algum intermediário. Bernardo Olsen era descendente de noruegueses. Nasceu em 18/02/1862 e faleceu em 30/06/1935. Em 1920, mudou-se de São Bento do Sul para Canoinhas-SC, acompanhado de toda sua família, exceto de seu filho Luiz Bernardo Olsen, que ficou em Rio Negrinho cuidando de seus negócios.

VOLTA GRANDE – O DOTE DO CASAMENTO

          Passado um tempo, Volta Grande entrou como dote da filha de Bernardo Olsen, Alice, casada com Paulo Trinks, que montou uma serraria movida à água, pois a intenção era aproveitar a grande quantidade de madeira existente e de boa qualidade. Para se ter uma ideia, haviam pinheiros de até sete metros de circunferência, imbuias de até onze metros em círculo. Além disso, ainda poderia se usar o Rio Preto como via navegável.

FAMÍLIA LAMPE

          Entretanto, foi por esta época que Roberto Lampe veio dos Estados Unidos ao Brasil, com toda sua família, e comprou de Paulo Trinks a propriedade de Volta Grande. Por algum tempo, seus filhos Frederico e Carlos Lampe, mais o seu genro, Leopoldo Ribeiro, em sociedade, administraram a serraria, mas em 1918, a venderam para Inácio Kohlbeck, em parte, por troca com uma ferraria que Inácio possuía, onde hoje, está a Fábrica de Máquinas Lampe, na Rua Pedro Simões de Oliveira, no centro da cidade.

INÁCIO KOHLBECK – O EMPREENDEDOR

          Foram 50 alqueires de terras que entraram neste negócio, sobre as quais, Inácio Kohlbeck desenvolveu grande atividade em Volta Grande, sendo elas: serraria, beneficiamento de erva-mate, fabricação de farinha de mandioca, casa de comércio, produzia e vendia vinho, possuía moinho para produzir farinha de cereais, fabricava portas, janelas e móveis em sua marcenaria, era dono de várias carroças que faziam transportes pesados a longas distâncias, também possuía um caminhão e fazia transporte com este, que o primeiro veículo automotor de Volta Grande.

A FALÊNCIA DOS NEGÓCIOS

          Entretanto, apesar de ter um espírito empreendedor, Inácio Kohlbeck gostava de bebida e abusava dela, o que provavelmente o distanciou de seu senso administrativo, para cuidar de seus empreendimentos, que cresciam muito e bem diversificados. E como sempre acontece, em casos assim, a falência é inevitável. Foi o que aconteceu com esse grande empreendedor da época. Nunca ninguém o entendeu claramente. Sabe-se apenas que tinha passado procuração a um advogado chamado Mesquita.

A DESONESTIDADE DO ADVOGADO

          O advogado Mesquita teria usado de má fé, pois se apossou dos negócios e vendeu tudo aos irmãos Adolfo e Alírio Pereira, que eram da localidade de Tijucas do Sul, Paraná. Inácio Kohlbeck retirou-se de Volta Grande, quase sem nada, indo para a localidade de Pedra Preta, na divisa entre Rio Negrinho e Rio dos Cedros, onde estabeleceu-se com moinho e tempos depois faleceu por lá mesmo.

A MALANDRAGEM DOS IRMÃOS

          Houve ainda, mais uma malandragem, pois os irmãos Adolfo e Alírio Pereira, que conforme havia sido combinado, deveriam vender tudo a Jorge, Martim e Carlos, da família Zipperer de Rio Negrinho, que estavam iniciando a Móveis Cimo e tinham intenção de expandir seu empreendimento para a Volta Grande. E deveria ter sido assim, pois Inácio Kohlbeck devia considerável soma aos Zipperer, no entanto, os irmãos Adolfo e Alírio Pereira venderam tudo a Luiz Bernardo Olsen, popularmente chamado de Luizinho, filho de Bernardo Olsen e pai de Bernardinho.

LUIZ BERNARDO OLSEN

          Mas Luizinho, que desde o início da década de 1920, já administrava os negócios da família em Rio Negrinho, pagou aos Zipperer tudo o que Inácio Kohlbeck lhes devia, e em 1937, foi feita a transferência legal. Com essa situação, a Cimo lamentou muito a perda de Volta Grande, já que eram terras onde havia muita madeira e a grande importância do Salto, onde mais tarde foi construída a usina geradora de energia elétrica. Luiz Bernardo Olsen, o Luizinho, nasceu em 15/09/1895 no município de São Bento do Sul e faleceu em 20/05/1972, em Curitiba-PR.

BERNARDO OLSEN NETO

          Mais tarde, Bernardo Olsen Neto, o popular Bernardinho, recebeu por herança toda a vasta propriedade, que seu pai possuía em Volta Grande, já que este estava com sérios problemas de saúde e resolveu transferir logo ao seu filho. Bernardinho, sendo o último Olsen herdeiro da Volta Grande, continuou por cerca de uma década, administrando os negócios da família, que já havia trabalhado com madeira, fécula de mandioca e batata, papelão, pasta mecânica e estava no ramo de papel higiênico. Bernardinho nasceu em 12//08/1923 e faleceu em 23/02/1995.

FAMÍLIA BONACCORSO DE DOMENICO

          No final dos anos 1970, quando a empresa já estava há quase uma década no ramo de papel higiênico, Bernardinho vendeu o empreendimento e suas demais propriedades em Volta Grande, para família Bonaccorso de Domenico, que deu sequência no ramo de papel, transformando a antiga fábrica, num dos maiores empreendimentos do município de Rio Negrinho, sob o nome de Companhia Volta Grande de Papel, que se complementa com sua outra empresa, estabelecida na cidade, denominada Cahdam Volta Grande S.A., responsável pela transformação e conversão dos diversos tipos de papéis, em produto final, sendo que até meados da década de 1990, esta etapa de finalização também era feita na fábrica de Volta Grande.

A PRIMEIRA ESCOLA

          Em 1954, a primeira escola de Volta Grande, iniciou seus trabalhos com o nome de Escola Isolada Estadual de Volta Grande, tendo 30 alunos matriculados, cuja regência era da Professora Irene de Castilho Simm. Entretanto, cinco anos depois, já havia dobrado o número de alunos, obrigando o desdobramento da escola, que passou a funcionar em dois turnos, tendo como auxiliar a professora Otília Cristofolini.

Em 1968, foram construídas mais duas salas de aula, para atender à demanda dos alunos, pois o crescimento da comunidade assim exigia, e com essa ampliação, passou de Escola Isolada a Escola Reunida Alto Rio Preto. Atualmente, o estabelecimento denomina-se Escola de Educação Básica Luiz Bernardo Olsen, em homenagem àquele grande cidadão, que tanto contribuiu para o surgimento e o desenvolvimento local.

PRIMEIROS PROFESSORES

          Destacamos aqui os primeiros professores que essa escola teve. Foram eles: Irene de Castilho Simm, atualmente (2018) com 87 anos, Maria Abelonia de Castilho, atualmente (2018) com 86 anos e Jurema de Castilho Bona, atualmente (2018) com 72 anos, além de Osmar Fernandes do Amaral e Otília Cristofolini, ambos já falecidos.

PRIMEIRA IGREJA

          A primeira igreja do Distrito de Volta Grande era de madeira e ficava no lado de Águas Claras. Foi construída em 1943, pela família de Carlos Stoeberl e foi denominada de Igreja Nossa Senhora de Lourdes. Porém, em 1975, foi transferida para o local atual, em frente à Escola Luiz Bernardo Olsen, já com uma moderna construção em alvenaria, para a qual, o Sr. Bernardo Olsen Neto doou os tijolos e as madeiras.

A VILA SE TRANSFORMA EM “DISTRITO DE VOLTA GRANDE”

          Foi no dia 18 de dezembro de 1990, que a denominada “Vila de Volta Grande” passou a ser Distrito, pela Lei Municipal nº 419/90, quando o Prefeito Municipal era Guido Rückl, igualando-se assim em autonomia administrativa, com o já Distrito de Águas Claras, pertencente a Mafra.

ANEXAÇÃO DE ÁGUAS CLARAS A VOLTA GRANDE

          Já no dia 08 de janeiro de 2000, as terras que faziam parte do Distrito de Águas Claras, no município de Mafra, passaram a pertencer ao município de Rio Negrinho, através da Lei Estadual n.º 11.340/2000, quando o Governador era Esperidião Amin, ampliando a área do Distrito de Volta Grande e somando mais 379 km2 ao território rionegrinhense, que antes tinha 529 km2, passando para os atuais 908 km2 de extensão territorial. Desta forma, Volta Grande uniu-se em definitivo, com o lugar onde tudo começou a história do seu povoamento.