Pesquisador, Editor e Produtor:
MARINHO PAULO CRISTOFOLINI – Jornalista e Escritor
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COLÔNIA OLSEN – A PRIMEIRA COMUNIDADE NA FORMAÇÃO DE RIO NEGRINHO
HOMENAGEM
A localidade de Colônia Olsen, situada cerca de dez quilômetros do centro da cidade de Rio Negrinho, homenageia o senhor Bernardo Olsen, descendente de noruegueses, que nasceu no dia 18/02/1862 em Joinville e faleceu em 30/06/1935, em Canoinhas, com 73 anos de idade.
A HISTÓRIA
Rio Negrinho começou a organizar-se como um núcleo de vida comunitária independente bem no início do século 20, em 1904, e a primeira comunidade organizada foi a de Colônia Olsen, ao redor da Capela de São Pedro. Naquela época, Bernardo Olsen, comerciante e açougueiro em Lençol, São Bento do Sul, pessoa dinâmica e próspera, adquiriu uma grande gleba de terras da família Cardoso. As terras desta família então ainda perfaziam um grande latifúndio por entre o Rio dos Bugres, o Rio Preto, a Estrada Dona Francisca e seguindo a direção sul do município, até além das nascentes do Rio Preto.
A COMPRA DO TERRENO
Esta propriedade adquirida por Bernardo Olsen, teve por limites ao sul o Rio Corredeiras. Consta que ao fecharem o negócio, a família Cardoso, além de saldar as dívidas na loja de Bernardo Olsen, ainda recebeu um saco de farinha e assim, o terreno estava pago. Parte deste enorme terreno comprado por Bernardo Olsen, ficou com seu irmão Adolfo Olsen, cujos descendentes, em parte ainda hoje o possuem e exploram. Bernardo Olsen que ficou com a outra parte, abriu no Espigão, divisor de águas, uma estrada, loteou e vendeu essas terras a filhos de colonos de São Bento do Sul, que necessitavam de novas propriedades e formou no local a dita Colônia Olsen, onde Bernardo Olsen não se esqueceu de doar um lote colonial, para a construção da igreja, da escola e do cemitério. Em 1904, após a reza do terço, foi realizada junto da cruz erguida à beira da estrada, a primeira reunião comunitária, onde se decidiu pela construção da escola e da igreja local, consagrada a São Pedro. Também foi no ano de 1904, que a comunidade construiu o primeiro Cemitério de Rio Negrinho, na localidade Colônia Olsen.
A PRIMEIRA ESCOLA
Em 1911, a primeira escola oficial de Rio Negrinho foi inaugurada nesta colônia, denominada Escola Paroquial de Colônia Olsen, sob a direção da paróquia católica de São Bento do Sul, pelo Padre Antonio Wolmeiner. Atualmente essa escola não funciona mais.
A PRIMEIRA MISSA
Os colonos da localidade, sendo muito religiosos, reuniam-se nas casas para rezar, e ainda antes do término da construção da igreja, a primeira missa foi celebrada na residência de José Pscheidt, pelo padre italiano João Batista Spessato, nascido na cidade Cittadella, diocese de Pádua, na Itália, em 17 de outubro de 1891, e assim que foi ordenado Padre na Catedral de Florianópolis, no dia 08 de abril de 1917, veio trabalhar como administrador da Paróquia Puríssimo Coração de Maria em São Bento do Sul. Esse padre faleceu em 13 de abril de 1978.
A PRIMEIRA IGREJA COMPLETOU 100 ANOS EM 2018
Inicialmente, Bernardo Olsen havia doado um espaço para esta igreja, mas não foi encontrado um local apropriado no referido terreno. Desta forma, a igreja da comunidade foi construída em outro terreno, no qual ela está até hoje, que foi doado por José Pscheidt, popular Michl Sepp, neto do imigrante Wenzel Pscheidt. Sua construção inicial data de 1918, portanto já é centenária, sendo a primeira igreja oficial do município de Rio Negrinho.
AMPLIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA TORRE
Em 1932, a antiga capela de madeira foi desmontada e substituída por uma construção em alvenaria, que ainda assim permanece. Já em 1948, devido ao aumento da população da localidade, a construção foi aumentada e construída a torre, que hoje no alto do divisor das águas continua altaneira e soberana dominando a região.
ESTÁTUA DE SÃO PEDRO
A estátua que se encontra no altar mor desta igreja, foi comprada trocando-se uma respeitável pepita de ouro, doada por Miguel Pscheidt, irmão de José, o doador do terreno.
COSTUMES e RELIGIOSIDADE
Quando no início do século 20 (1904), os primeiros habitantes se estabeleceram em Rio Negrinho, encontraram, neste último rincão do planalto norte catarinense ainda não colonizado, uma terra muito boa para a lavoura no chamado Divisor de Águas, ou seja, Colônia Olsen. Esta terra era então, como uma ilha já cercada de colonos por todos os grandes lados.
A família Olsen, de São Bento do Sul, adquirira dos Cardoso de São José dos Pinhais, no Estado do Paraná, as terras que estes haviam conseguido do Governo Imperial, sem nunca terem se dedicado a explorá-las convenientemente. Estas terras dos Cardoso tinham, inicialmente, por limites naturais: da Serra do Mar, descendo o Rio dos Bugres e seguindo sempre para baixo, até o Rio Negrinho e por este, até o Rio Negro e deste, subindo novamente pelo Rio Preto, até encontrar, de novo, a Serra do Mar e as nascentes do Rio Itajaí.
FAMÍLIAS QUE PRESENCIARAM O INÍCIO DE RIO NEGRINHO
Nesta enorme gleba, em parte ainda hoje denominada de Colônia Olsen, na localidade de São Pedro, os colonos das famílias: Maros, Pscheidt, Kurowski, Ronsberger, Kohlbeck, Jantsch, Müehlbauer, Hantschel, Ferreira de Lima, Narloch, Münch, Wantowski e outros mais, ergueram uma cruz de madeira à beira de uma picada, por onde passavam as tropas de mulas, e aos domingos, ali rezavam o terço, cantavam e faziam suas promessas e planejaram a construção da primeira igreja católica oficial do município de Rio Negrinho, a Capela de São Pedro.
MONUMENTO AO COLONIZADOR
Quando em 1980, em 24 de abril, a cidade de Rio Negrinho festejou seu centenário, tomando por base o primeiro acampamento dos construtores da Estrada Imperial Dona Francisca em 1880, de Joinville a Mafra, que durante muito tempo foi uma das mais importantes estradas da América do Sul, editou-se em Rio Negrinho, o livro intitulado “Rio Negrinho que eu conheci” de autoria do Professor Doutor José Kormann, que com parte do dinheiro advindo da venda desse livro, já que dois terços foram doados para a antiga Associação Hospitalar Rio Negrinho, o autor construiu no exato local da primeira cruz de madeira, ali erguida, um respeitável cruzeiro de concreto, com muro de arrimo, escadaria, figuras, dizeres e tudo o que pudesse lembrar aos presentes e às gerações do futuro, a fé, o trabalho e a coragem dos primeiros colonos.
É este Monumento ao Colonizador que relembra os tempos em que os tropeiros piedosos, por lá passavam, e tirando o chapéu faziam o Sinal da Cruz. Mais tarde também, essa mesma reverência era feita pelos carroceiros, que puxavam toras e erva mate. Gesto ainda feito pelos colonos, que aos domingos rezavam a céu descoberto, e também pelas crianças, que indo para a escola, ao passarem pelo local, além do Sinal da Cruz, ainda dobravam o joelho. Hoje, as gerações modernas respeitam esse lugar, em cujo muro lê-se uma poesia, composta pelo autor do Monumento, que sintetiza a fé destas gerações passadas e lembra o dever às futuras. Eis a poesia:
A CRUZ
“Caminheiro que aqui passas
Junto ao símbolo de Luz,
Eu te peço: sempre faças,
Com fervor e muitas graças,
O sinal da Santa Cruz.
E se o tempo não for curto,
Veja bem, ó meu irmão,
É do mal tão grande o surto,
Que é preciso não ser furto,
No trabalho e na oração.
Se perdestes a Luz querida,
Que na vida te conduz,
Terás sempre nesta lida:
Caminho, Verdade e Vida,
De Jesus na Santa Cruz.
NASCEM AS BANDAS MUSICAIS DE RIO NEGRINHO…
BANDINHA ANTON – 1928 a 1938
No final da década de 1920, surgiu na localidade de Colônia Olsen a Bandinha Anton. Em 1932, os músicos eram: Willy Pscheidt; José Anton; Alvino Anton; Otto Maros; Max Anton; Francisco Anton; Antonio Pscheidt; Osvaldo Anton e José Liebl. Segundo o relato do http://blogdoosmairbail.blogspot.com.br/2015/02/, esta banda de 1928 a 1938 era chamada de “Banda São Pedro”. Além do árduo trabalho na roça, que era a atividade do sustento das famílias, os colonos arranjavam tempo para formar uma banda, dinheiro para comprar os instrumentos musicais, tempo para ensaiar e tempo para abrilhantarem festas e eventos. Geralmente, as bandas tinham longo tempo de vida.
Um dos fatores determinantes para tal longevidade era a necessidade de lazer, pois não havia TV, cinema, teatro e eram raros os momentos de descontração. Quando muito, a diversão do povo eram as festas promovidas pelas igrejas, e que festas bonitas!
Quando a Banda tocou em frente ao Salão Lampe, na comemoração da vitória da Revolução Getulista, em 1930, todos tocavam instrumentos de sopro, todos tinham chapéu, alguns usavam calça meia-canela, mas todos vestidos decentemente, os mais velhos usavam bigodes e a moda da gola do paletó, era bem larga. Segundo depoimento de Alvino Anton, carroceiro, músico e político, prestado ao autor do Blog Rio Negrinho no Passado, em setembro de 1995, a Banda Anton teve como fato mais marcante, a comemoração da vitória getulista em 1930, na festa liderada em Rio Negrinho por Eduardo Virmond, líder político da época.
Nesta comemoração estava presente e retornando, o então voluntário naquela revolução, José Hantschel. Naquela apresentação, os músicos ostentavam lenços vermelhos ao redor do pescoço, emblema maragato, que Getúlio Vargas adotou, como símbolo dos revolucionários.
BANDA COLÔNIA OLSEN – 1950
Já na década de 1950, também fazia sucesso em todo o município, a Banda Colônia Olsen, formada na própria localidade. Seus integrantes reuniam-se várias vezes na semana, para ensaiar as músicas que eram tocadas nas diversas festas e eventos daqueles tempos. Os músicos eram: Inácio Furst; Alzemiro Tureck; Rodolfo Buchinger, Emílio Tureck; Alfredo Muehlbauer e Theolauro Tureck.
A COLÔNIA OLSEN DE HOJE
Atualmente a localidade de Colônia Olsen é um importante marco histórico e cultural, que fomenta a economia através da agricultura familiar e também faz parte do setor turístico do município de Rio Negrinho, já que é composta pelo Vale do Rio Casa de Pedra, margeado por várias propriedades coloniais, casas de valor histórico, a Capela São Pedro, mata nativa e a antiga serraria movida a roda d’água, conhecida como a Serraria do Muehlbauer, onde diversas escolas levam seus alunos para conhecer o local.
A roda d’água que move todo o sistema motriz da “Serraria Muehlbauer”, transformou-se num ponto cultural e turístico, por representar o uso de uma energia limpa, onde a água faz a roda girar, movimentando o sistema de propulsão e transmissão interno, através de um eixo principal de madeira e polias, que transferem a força por correias. Este sistema de gerar energia pela própria natureza, é um dos legados deixados pelos imigrantes europeus que colonizaram a região do Planalto Norte Catarinense.